Questão I

  Qual a contribuição de Paris para a modernidade paraibana?


                                                          “No invejar de uma nação,
a Paraíba se iluminou com louvor,
os moldes parisienses,aqui se instalou
e o moderno foi escrito na pequenina
Paraíba do norte, sim senhor!”

            Antes de debatermos a influência de Paris para o processo de modernização paraibana, vamos dialogar um pouco, sobre a respeito da capital da França que deu ao mundo o sentido do moderno, com as suas inovações e luzes. Para Marcel Roncayolo em seu texto “transfigurações noturnas das cidades: o império das luzes artificiais”, Paris “sempre procurou dominar a luz, sinal de originalidade técnica do mundo urbano...”, foi de Paris que o movimento Iluminista tomou forma e se espalhou para mundo, na Paris da modernidade “o espaço que se esforçava em criar não é o da fábrica... mas o do encontro internacional, tratava-se de criar uma vitrine da modernização...”. Essa ideia de criar o moderno tomou conta do mundo, e a nossa pequena Paraíba, não queria ficar atrasada.
Se adequando, das noticias que chegavam do Rio de Janeiro e de Recife, que viviam “respirando” a atmosfera do ser moderno, presente na França, o nosso estado se utilizou de muitos recursos Parisienses, para mostrar que acompanhava os novos avanços, da mesma forma que na Paris europeia havia a necessidade de se criar uma vitrine de exposição, pode dizer que as ruas do Varadouro, em princípios do século XX, se tornaram uma “miniatura” da moda e venda de produtos europeus.
E notória a influência francesa também na configuração da paisagem urbana das cidades brasileiras, sendo significativa em vários aspectos, principalmente no estilo arquitetônico, pois os arquitetos, atendendo aos pedidos e satisfazendo aos desejos das elites econômicas e intelectuais, modernizaram as cidades com o estilo arquitetônico neoclássico, comum na Europa principalmente na França, tendo como principal motivo reproduzir no Brasil um pedaço de Paris.
            Mas como podemos observar no texto de waldeci Chagas, mesmo a Paraíba se vestindo aos moldes franceses, onde as classes abastadas incorporaram dessa cultura hábitos e costumes, a arquitetura dos novos prédios e residências ficou a cargo dos Italianos.
Todas as residências desse período deveriam seguir um código de postura, que definiria as características dessas novas residências, mas na medida em que as elites se tornavam consumistas desse projeto, também eram expectadoras, pois nem todos podiam contratar um arquiteto ou engenheiro para o projeto de uma casa moderna.
Mas voltando a contribuição parisiense para a modernidade paraibana, vemos que o conhecimento musical e da língua francesa, tornava uma característica essencial de uma pessoa considerada moderna, para as moças eram recomendados as aulas de pianos e para os rapazes as aulas de Francês.
As aulas de Francês possibilitariam não apenas um desenvolvimento intelectual, a respeito dos costumes e modos europeus, mas também viria a favorecer uma maior “facilidade” de obtenção, quem sabe, por parte dos pais de uma viagem a Europa, já que era o maior sonho do intelectual brasileiro viajar até a França.
Como afirma Chagas mesmo que muitos deles não tenham alcançado o seu desejo, a França se manteve como uma verdadeira fonte de inspiração para quem desejava ser moderno, sendo os conhecimentos desse idioma, indispensáveis a uma boa formação.
As leituras obrigatórias dos romancistas e poetas franceses foram incorporadas,assim como nas outras capitais brasileiras ao cotidiano paraibano, bem como os valores dessa cultura.
De uma maneira geral os valores da cultura francesa passaram a ser habituados ao cotidiano, a exemplo torna-se comum a frequência aos passeios públicos e salões das residências familiares, manifestando a elegância e educação como prioridade. As vestimentas femininas e também as masculinas nos padrões franceses, os modos de comporta-se em publico, o aprendizado da língua dessa pátria, trazia consigo a ideia de que o homem paraibano tinha se desprendido dos aspectos arcaicos que possuía, e tinha entrado com o “pé direito”, na modernidade que se instalava.

Referências Bibliográficas:

CHAGAS, Waldeci F. Urbanidade, modernidade e Cotidiano na Parahyba do Início do Século XX. In: ABRANTES E GUEDES. Outras histórias: Cultura e poder na Paraíba (1889-1930). João Pessoa: Edufcpb, 2010, p.39-66.
RONCAYOLO, Marcel. "Mutações do espaço urbano: a nova estrutura da Paris haussmanniana"; “Transfigurações noturnas das cidades: O império das Luzes artificiais”.

 

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