O Açude Velho



O Açude Velho de ontem e o de hoje

          
  Ao analisarmos o verso de Biliu de Campina “alô, alô minha Campina Grande quem te viu e quem te vê não te conhecesse mais”, e com ele vamos perceber a mudança ocorrida ao longo dos anos de um dos seus maiores cartões postal o açude velho, veja uma foto do ano de 1938:


O açude Velho “foi o primeiro açude da cidade de Campina Grande e foi construído por causa da seca que o Nordeste enfrentou de 1824 a 1828”.
A construção do açude pelo “governo provincial paraibano foi iniciada em 1828 e concluída em 1830, sendo, por quase um século, o maior açude da região de Campina Grande. Antes de sua construção havia um curso d'água denominado "Riacho das Piabas".
            Mais tarde, nos anos de 1845 e 1877(este ano a seca ficou conhecida como a seca dos três sete, por seus sinais já haverem sido notados no ano de 1876, como vimos em Paraíba I), a região passou por outra grande seca, tendo sido o Açude Velho importantíssimo como fonte de água para a população.
            Por muitas décadas o açude velho foi para a região de Campina grande e seus arredores como fonte de sobrevivência, mas com o passar do tempo e as reformas urbanas como podemos observar na oficina que tratou da política de urbanização do prefeito Wanderley, vamos perceber que o espaço vasto do açude velho vai sendo tomado pela pavimentação e construção de avenidas.
            A política do então prefeito exigia que a cidade de Campina Grande tivesse ares da Europa, com isso foi aberto grandes avenidas a exemplo a Floriano Peixoto, e a retirada, por exemplo, do centro da cidade de locais que não se remete a modernidade, a exemplo esta a demolição do local da antiga congregação de nossa senhora do Rosário dos pretos, sendo transferida para o bairro da prata, onde permanece até hoje.
             Mas voltando a tratar do Açude Velho, “outros açudes vieram a ser construídos mais tarde, como o Açude Novo em 1830 e o Açude de Bodocongó em 1915. O Açude Velho veio a ser reconstruído em 1841”. Vejamos após todo o processo de urbanização como ficou o açude velho:


    
      Como fonte de subsistência, já que foi de fundamental importância na época das grandes secas, tornou-se apenas um símbolo postal, diferentemente da fotografia anterior onde vemos uma extensão maior do açude, agora vemos o progresso ao redor do açude, com grandes prédios construídos e muitos para construir, observamos que a modernização continua de forma acelerada.
            Um símbolo que merece destaque ao se tratar do açude velho é a construção, do monumento em homenagem aos tropeiros da Borborema as margens do açude: 

 Reportagem Histórica: A Seca e o Açude Velho

Uma das fotos mais antigas do Açude Velho
 

Campina Grande ao longo de sua história vivenciou grandes períodos de seca. Encontramos no jornal "Gazeta do Sertão" de 03 de abril de 1891, um desses momentos desesperadores de nossa história. Transcrevemos a seguir o texto publicado no lendário jornal de nossa cidade, tentando adaptá-lo a linguagem atual.


 
A Seca


 
Vai se tornando insuportável o sofrimento da população desta cidade.


 

Há muito que está esgotada a fonte Louzeiro; e a do Sousa, onde se abastece as pessoas, que dispõe de qualquer recurso, está a secar. São as únicas que existem aqui, de água verdadeiramente potáveis e ambas pertencentes a particulares.
Nem mesmo temos em quantidade suficiente a água salobra do riacho das Piabas. A população pobre, de noite e de dia, a toda hora, não deixa de um só momento as cacimbas, que apenas destilam gota a gota um líquido insalubre, que mal sacia a sede.
Em 1877, o ano terrível, que ainda está na memória de todos, Campina não sofreu a sede, mais agora está passando.
Passou o mês de Março e entrou o Abril sem que até hoje (2), caísse uma chuva que viesse mitigar esse sofrimento do povo e da criação em geral. O desanimo vai se tornando geral, não somente pela falta de água, como também pelas notícias aterradoras que chegam do alto sertão.
Em data de 22 do mês passado de Março, escreveu-nos da Vila Misericórdia, o tenente Ciriaco Ferreira de Sousa: "Estamos em frente de uma horrível seca. Já é passado o tempo das chuvas; os açudes estão secos; as nossas criações estão morrendo e parece que se acabarão. Os gêneros alimentícios estão subindo de preço às carreiras e já há bastante fome".
Na verdade se o flagelo que em 1791 assolou esta parte do norte do Brasil fizer o seu centenário, como fez a seca de 1777, muito mais horrorosas serão as cenas que se há de presenciar; porque a Paraíba é hoje dez vezes mais populosa, sem possuir mais recursos do que outrora.
É fúnebre o futuro que se aproxima.
Acautele-se o povo e cumpra o governo o seu dever que nunca soube cumprir.
O Anuário de Campina Grande do ano de 1982, também se preocupava com a grave poluição do Açude Velho, conforme se pode visualizar nos “scans” abaixo (cliquem para ampliar):



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