Política Oligárquica da Paraíba

 
Revolta Da princesa
 

A revolta da Princesa que parece ter representado um fenômeno cíclico na política Oligárquica da Paraíba, um fenômeno comum a todo o nordeste: a tentativa das parentelas poderosas dos sertões no sentido de reparar as injustiças decorrentes de sua exclusão em bloco da coalizão dominante.
Em 1912, contudo, o presidente da república se alinhara com a oligarquia contra os rebeldes, ao passo que, em 1930, o governador da Paraíba foi abandonado pelo presidente, que o deixou á mercê das forças da dissidência que dividia a coalizão estadual.
Se não fosse a revolução de outubro, não há dúvida de que os rebeldes teriam vencido o impasse e derrubado o governo. A revolta de Princesa foi também uma manifestação de mudança política e econômica. Consequentemente, ela significa a maneira pela qual a República Velha constitui uma era de transição no sistema de domínio de base familiar da Paraíba.
No início da década de 1920, o enfraquecimento gradual da política de base familiar na Paraíba ficou mais evidenciado na estrutura política, embora a mudança econômica pudesse explicar melhor a maneira pela qual o comportamento político deixou de se caracterizar estritamente por um conjunto de relações patrimoniais, mais antigos.
Embora por muitas décadas as divisões de parentela tenham continuado a refletir os alinhamentos antagônicos dos anos 1890, na altura da década de 1920 fortes correntes de interesses tanto zonais como individuais vieram para o primeiro plano.
Foi por volta de 193 que Princesa Isabel, se declarou território livre e lutou contra o governo do estado por cinco meses. Essa revolta foi liderada pelo coronel, mas influente da região, José Pereira Lima, que insurgiu contra medidas econômicas e práticas políticas modernizadoras adotadas pelo então presidente (denominação, à época, para governador) da Paraíba, João Pessoa. A gota d’água para o rompimento do coronel com João Pessoa foi à decisão do presidente do estado de deixar de fora, na composição de uma chapa para deputado federal, o ex-governador João Suassuna, pai do escritor Ariano Suassuna, e grande amigo de José Pereira.
O Coronel foi além do rompimento político. Reunião 150 jagunços e as armas disponíveis na cidade – repassadas pelo governo federal aos coronéis da região para combater os cangaceiros de Lampião e a Coluna Prestes-, expulsou os soldados do governo estadual que se dirigiam a Princesa e juntamente com o prefeito e o presidente da Câmara Municipal, declarou a independência administrativa da cidade, que passou, então, a ter bandeira, hino, leis, jornal e exercito próprios.

José Pereira e seus comandados durante a Guerra de Princesa


Os objetivos do movimento, como os dos rebeldes de Monteiro em 1912, era provocar uma intervenção federal na Paraíba. A consequência imediata seria a deposição do Presidente João Pessoa, que havia rompido relações políticas com Washington Luiz, depois dos acontecimentos que resultaram no famoso "NEGO".
Mas uma vez a Força Pública foi acionada, e um grande efetivo foi mobilizado para enfrentar os rebeldes sertanejos, que recebiam ajuda do Governo Federal. Foram mais de quatro meses de violentos combates, em que foram registradas muitas mortes de ambos os lados. Foi criado um Batalhão Provisório, na Força Pública, só para reforçar o contingente empregado na luta.
Os acontecimentos mais marcantes desses confrontos foram; O desastre da Água Branca, em que cerca de duzentos policiais foram mortos em uma emboscada; a tomada, pela Polícia, das cidades de Teixeira, Imaculada e Tavares, que haviam sido ocupadas pelos grupos liderados por José Pereira e o cerco de Tavares, que se achava ocupada pela Polícia e foi cercada por grupos de cangaceiros, durante 18 dias. Princesa foi cercada e a intervenção pretendida por José Pereira não foi alcançada. Muito foram os Policiais que se destacaram nessas lutas. Entre eles podemos citar; Ten Cel Elísio Sobreira, Comandante Geral na época, Capitão Irineu Rangel, Comandante do contingente empregado na luta, Capitão João Costa, Ten José Maurício, Ten Elias Fernandes, Ten Manuel Benício, Aspirante Ademar Naziazene, Sgt Severino Bernardo e Sgt Manuel Ramalho. 

 


José Pereira (em destaque) e seu estado maior durante a chamada Guerra de Princesa

O fazendeiro e líder político José Pereira Lima, mais conhecido como “Coronel Zé Pereira”, da cidade de Princesa, era o mais poderoso entre todas as lideranças do latifúndio na sua região. Para muitos ele é descrito como verdadeiro imperador do oeste da Paraíba, na área da fronteira com o estado de Pernambuco. Zé Pereira contava com o apoio dos governadores de Pernambuco e do Rio Grande do Norte, respectivamente Estácio de Albuquerque Coimbra e Juvenal Lamartine de Faria.

Combatentes da Guerra de Princesa
 

Diante do impasse com o governador João Pessoa, Pereira declarou Princesa “Território Livre”, separando-o do estado da Paraíba, tornando-o absolutamente autônomo.
João Pessoal usou todas as armas para tentar conter os rebeldes. Ameaçou bombardear a cidade e mobilizou homens sob o comendo de José Américo de Almeida. Habituados com a geografia da região, os revoltosos venciam sucessivas batalhas. A revolta tomou grandes proporções, envolvendo além da Paraíba o estado do Pernambuco e o governo federal. O assassinato de João Pessoa no dia 26 de julho de 1930 por João Dantas, motivado por questões políticas e pessoais, pôs fim à Revolta de Princesa.

 
João Pessoa morto

Após a morte do governador João Pessoa, ocorrida em Recife, houve a consequente eclosão da Revolução de 30 e o conflito em Princesa acabou. Durante os quatro meses e vinte e oito dias que durou sua resistência, Princesa não foi conquistada pela polícia paraibana. Após a eclosão da Revolução, as tropas do Exército Brasileiro, de forma tranquila, ocuparam a cidade.

 

Como a guerra era vista no Rio de Janeiro


 

A imprensa oficial potiguar e o próprio governo de Juvenal Lamartine eram contra João Pessoa e a favor de José Pereira.


Marcolino Diniz na época da Guerra de Princesa


Em Princesa, entre um dos mais importantes líderes das tropas locais estava o fazendeiro Marçal Florentino Diniz, poderoso e influente agropecuarista da região, que juntamente com seu filho, Marcolino Pereira Diniz, eram parentes e pessoas da inteira confiança do coronel José Pereira. O coronel Marçal Diniz possuía no então distrito de Patos de Princesa, a 18 quilômetros da cidade, uma fazenda localizada no sopé da grande serra do Pau Ferrado, o segundo ponto mais elevado da Paraíba, com cota máxima em torno de 1.120 metros de altitude e foi para esta fazenda que o comando da polícia paraibana ordenou que Clementino Quelé atacasse a casa grande do poderoso coronel.
Não havia muitos defensores pertencentes aos grupos do coronel José Pereira, ou de Marcolino Diniz e a força policial de Quelé ocupa o local sem maior oposição. Na casa estava entre as pessoas, à mulher de Marcolino Diniz, Alexandrina Diniz (também conhecida como Dona Xandu, ou Xanduzinha) e a de Luís do Triângulo, Dona Mitonha. Luís do Triângulo era um dos mais valentes e destacados chefes dos combatentes de José Pereira.


 

A partir de um caminhão foi desenvolvido em Campina Grande um veículo blindado para combater os revoltosos de Princesa

Dona Xandu


 

Imortalizada pelo grande Luís Gonzaga na música “Xanduzinha

Xanduzinha - Luiz Gonzaga

 
O caboclo Marcolino,
Tinha oito boi zebú,
Uma casa com varanda,
Dando pro Norte e pro Sul,
Seu paió tava cheinho,
De feijão e de andú,
Sem contar com mais uns cobre,
Lá no fundo baú,
Marcolino dava tudo,
Por um cheiro de xandú.
Ai, Xanduzinha,
Xanduzinha minha flô,
Como foi que você deixou,
Tanta riqueza pelo meu amô?
Ai, Xanduzinha,
Xanduzinha meu xodó,
Eu sou pobre mais você sabe,
Que meu amô,
Vale mais que ouro em pó.

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