Como o gênero feminino participou da “Revolução de 30” na Paraíba?
A
participação feminina no decorrer de toda História sempre foi notável, as
mulheres não se resguardaram apenas ao espaço doméstico, mas em quase todas as
principais manifestações que ocorreram no mundo, vemos direta ou indiretamente
a figura da mulher. Vejamos o que diz a historiadora francesa Michelle Perrot a
respeito disso:
“Nas ruas as mulheres sabem se manifestar...
Elas se associam
Aos homens durante as jornadas
revolucionarias que pontilham
os séculos”(Perrot,pg.:217)
Na
Paraíba isso não foi diferente, a Revolução de 30, teve um toque especial da
figura feminina. Para Alômia Abrantes “as mulheres paraibanas são consideradas
ícones de apoio na revolução de 30, ao presidente João Pessoa antes e depois de
sua morte”. Nessa discussão a autora aborda “as alunas da escola normal”, que
saem ás ruas junto a outras mulheres, incorporando o movimento de defesa a
Aliança Liberal, e em especifico ao então governador da Paraíba João Pessoa.
João
Pessoa e seus discursos inflamam em muito o ideário de autonomia e
combatividade, que se torna mais marcante com o gênero feminino no movimento, a
mulher paraibana, com seu discurso de “mulher-macho”, pronunciava dizeres
diante dos acontecimentos de 30, que se tornaram verdadeiros bordões, a exemplo
“Paraíba não se rende, porque seu povo não quer,quando não houver mais
homem,quem vai brigar é mulher”.
Os
versos pronunciados pela figura feminina mostram o interesse e a coragem das
mesmas em participarem da Revolução, a imagem feminina, vai sendo tecida como
uma guerreira, e alimentado a imagem de um feminino, forte e viril.
Podemos
concordar com Fábio Gutemberg,quando o mesmo em sua obra “Cartografias do
trabalho- Homens e mulheres em ação”,vai dizer que “as mulheres dominavam de
maneira própria, num mundo fortemente masculinizado, os códigos que certo viver
na sociedade implicava”.
Pode-se
dizer que com o movimento de 30, vêm à tona os elementos de virilidade
feminina, que serão tão comentados em obras de escritoras brasileiras, pois as
ações realizadas pela figura feminina mostram outro “rosto” de mulher, não a
frágil, submissa e atrelada ao ambiente doméstico, mas a forte, enérgica e
revolucionária do seu tempo.
Um
destaque especial para a figura distinta de Anayde Beiriz, que não ficou
moldada aos padrões de sua época, mas marcou com características polêmica a
história paraibana, em especial a “Revolução de 30”, sendo considerada como umas
das figuras de destaque do movimento como podem observar na tese de Alômia
Abrantes “Paraíba, mulher-macho: Tessituras de Gênero, (desa) fios da História
(Paraíba, século XX).
Beiriz
se destaca na Revolução de 30 por sua participação ligada aos envolvidos, entre
elas ter na época um relacionamento com João Dantas, mas a mesma entra em cena
na medida em que, tem atitudes revolucionárias e caráter enérgico nas decisões
e quebra de costumes tradicionais.
Assim
como na música de Luiz Gonzaga afirma “mulher-macho” e em momento algum se
levando ao termo pejorativo, podemos dizer que as figuras femininas que
participaram da Revolução de 30 na Paraíba, tiveram atitudes pessoais de um “homem”,
haja vista, suas reações, onde nas ruas unidas aos homens sejam estudantes ou
normalistas gritam suas revoltas, e nas repartições públicas e Assembleia
Legislativa, aplaudiam os deputados liberais e gritavam contra os perrepistas,
sobretudo no episodio do assassinato de João Pessoa.
Referencias Bibliográficas:
Perrot,
Michelle. A dona de casa no espaço
parisiense do século XIX. In Os excluídos da História: Operários, mulheres,
prisioneiros. Tradução de Denise Bottmann. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1988,
p.213-231.
SILVA,
Alômia Abrantes da.Escritas e
Inscritas:Mulheres na Imprensa dos anos 1920.
SOUSA, Fábio Gutemberg B. Cartografias do
Trabalho:homens e mulheres em ação.In:Territórios de confrontos.Campina
Grande,1920-1945.Campina Grande:Edufcg,2007,p.17-103.
Nenhum comentário:
Postar um comentário