Você sabia?
Eliete
Gurjão em “a Paraíba Republicana”, afirma que há divergências entre os
historiadores sobre a participação da Paraíba, no movimento republicano. Do
ponto de vista da mesma a pregação dos redatores da “gazeta do Sertão” não
encontrou ressonância... Os políticos locais permaneciam fieis a monarquia,
sendo que logo após o fim do antigo regime cada “macaco procurou seu galho”.
O
novo sistema permitia liberdade aos estados para agirem de forma autônoma, se
instalando de acordo com o principio do federalismo, permitindo assim que os
políticos locais continuassem com o poder.
O federalismo permitiu aos estados mais prósperos um maior beneficio, já
as áreas produtoras do Nordeste (região açucareira) teve sua situação mais
agravada, mediante ao quadro de fragmentação e desigualdade a “política dos
governadores”, na opinião de Gurjão teve eficácia.
No
tocante as rivalidades políticas, na República Velha as lutas entre famílias
era muito comum, as fraudes nas eleições eram constantes sendo comum o voto de
cabresto, os coronéis usavam de todos os artifícios para se manter no poder.
Além de cargos públicos, outro privilegio disputado a “tapas” era a condição de
contratantes em obras públicas.
O
trabalhador nesse contexto, tanto da zona urbana como da zona rural vão passar
por longas jornadas de trabalho, sem direitos a assistência dos poderes
públicos que eram controlados pelas oligarquias, gerando assim muitas greves.
No tocante aos anos 30, a reconstrução do poder oligárquico foi ligada ao
movimento operário (assumindo maior destaque em 1935), sendo que o trabalhador
rural permanecia no esquecimento, totalmente tutelado pelo poder do “Coronel”
tendo como participação política apenas o direito do voto. Agora “secreto”, a
condição dos trabalhadores urbanos só vão melhorar mediante os greves e
protestos ampliando assim a estimulação por leis que favorecessem os trabalhadores,
mas tais movimentos vão ter sua repressão, as oligarquias locais, através de
seus “representantes na assembleia legislativa, manifestaram serem unânimes em
solidariedade as medidas repressivas do governo estadual e federal”.
A edição do Você sabia
voltou
Desta
vez vem abordar as peculiaridades da
Paraíba após a proclamação da República, dessa vez abordaremos um pouco sobre a
“Política e Parentela na Paraíba”, abordando principalmente o legado deixado
por essa política. No texto de Linda Lewin, vemos algumas interrogações a
respeito de tal política, a autora aborda a revolta de princesa como “uma
manifestação de mudança política e econômica, significando, por conseguinte, a
maneira pela qual a República velha constitui uma era de transição no domínio de
base familiar na Paraíba”.
Tal
revolta ocorre contra a política de João Pessoa, que para a autora vem
“catalisar o conflito implícito no rápido desenvolvimento socioeconômico,
convertendo em questões políticas as relações quase patrimoniais admitidas até
então”.
João Pessoa, apesar do pouco tempo de governo
como vemos no texto de Eliete Gurjão, vem empreender uma política de
reformulação do movimento coronelístico oligárquico. Mas Lewin afirma que o
mesmo vai alem de reformulação, a estratégia política de João Pessoa “baseou-se
na mobilização da opinião publica, cuja primeira manifestação política fora a
denuncia do banditismo na passagem do século”.
O
governador teve pouco tempo para realizar reformas e os determinados grupos vão
se modificando a partir de 1945. Mas voltando a política de parentela vamos ver
que “a mais importante política federal pós 1930 para golpear a sobrevivência
da política de base familiar no nordeste baseou-se diretamente na campanha de
João Pessoa e de seus predecessores para conter a violência privada”.
O poder de base familiar em sua forma mais
conhecida o coronelismo, ainda sobrevive ao nível local na Paraíba e no
nordeste do Brasil para fornecer um maior embasamento a esta opinião Lewin cita
como exemplo a sobrevivência dos latifundiários.
A
partir dos anos 30 surge a política de base a partir da amizade, inaugurada por
João Pessoa, o mesmo se apoiou mais do que proporcionalmente nos amigos
políticos no que diz respeito a nomeações que realizou para o seu secretariado,
vemos como mais destacadas escolhas estão Américo de Almeida, Antenor Navarro,
Ademar Vidal e Álvaro de Carvalho, os mesmos não tendo nenhum parentesco com o
então governador.
Vamos
observar em Linda Lewin uma postura bem marxista, mas o texto da mesma é bem informativo,
mostrando como a política de base familiar deu lugar à sociedade de base a
partir dos vínculos de amizade, sendo a sociedade de base classista não esta
vinculada mais a família, mas sim a economia e as classes sociais.
Fotos Antigas da Paraíba
Um pouco da história
do belíssimo Estado da Paraíba, no nordeste brasileiro, através de
fotos tiradas ao longo do século XX. Estado esse cujo nome da
capital foi uma homenagem ao político João Pessoa, assassinado por
ocasião da Revolução de 1930. Até então se chamava "Cidade
da Paraíba".
Cidade
da Paraíba (atual João Pessoa), na praça onde se localiza o Paço
Episcopal, em 1928
Vista
da cidade da Paraíba em 1929
Vista
da cidade da Paraíba, na região do cais, em 1929
Tambaú,
a bela praia paraibana, em 1928
Linha
Férrea do Peixe - Tambaú, em 1924
Desenho
feito a bico de pena por Nivalson Miranda. Destaque para o traçado
colonial e a antiga e ORIGINAL bandeira do Estado.
A cidade fundada em
cinco de agosto de 1585 com o nome de Nossa Senhora das Neves, João
Pessoa já nasceu com o status
de cidade, o que nos leva a acreditar que a antiga João Pessoa
surgiu como localidade militar, jamais vivendo a condição de vila,
fato esse ocorrido porque foi fundada pela cúpula da Fazenda Real
numa Capitania Real da Coroa Portuguesa, e desde então, foi iniciada
a sua formação a partir de ruas e edificações que seguiam o
estilo da época.
Com o passar do tempo, foi recebendo várias denominações: Filipéia de Nossa Senhora das Neves, em 1588, homenageando o rei Filipe II de Espanha, quando da União Ibérica, período em que o Reino de Portugal foi incorporado à coroa espanhola. Durante a ocupação holandesa, entre 1634 e 1654, designou-se Frederikstad, em homenagem ao príncipe de Orange, Frederico Henrique.
Com a reconquista portuguesa, passou a chamar-se Cidade da Parahyba. Por conta de uma visita temporária de D. Pedro II do Brasil à cidade em fins de 1859, recebeu provisoriamente o título de Imperial Cidade.
Sua denominação atual, João Pessoa, é uma homenagem ao político paraibano João Pessoa, assassinado em 1930 na cidade do Recife, quando era presidente do estado e concorria, como candidato a vice-presidente, na chapa de Getúlio Vargas.
Em 1810 a Paraíba é consagrada autônoma da Capitania de Itamaracá, adquirindo assim capacidade de autogerir. Desse momento em diante a Paraíba fica vinculada à força de Pernambuco. Assim, a atual cidade de João Pessoa surge
Com o passar do tempo, foi recebendo várias denominações: Filipéia de Nossa Senhora das Neves, em 1588, homenageando o rei Filipe II de Espanha, quando da União Ibérica, período em que o Reino de Portugal foi incorporado à coroa espanhola. Durante a ocupação holandesa, entre 1634 e 1654, designou-se Frederikstad, em homenagem ao príncipe de Orange, Frederico Henrique.
Com a reconquista portuguesa, passou a chamar-se Cidade da Parahyba. Por conta de uma visita temporária de D. Pedro II do Brasil à cidade em fins de 1859, recebeu provisoriamente o título de Imperial Cidade.
Sua denominação atual, João Pessoa, é uma homenagem ao político paraibano João Pessoa, assassinado em 1930 na cidade do Recife, quando era presidente do estado e concorria, como candidato a vice-presidente, na chapa de Getúlio Vargas.
Em 1810 a Paraíba é consagrada autônoma da Capitania de Itamaracá, adquirindo assim capacidade de autogerir. Desse momento em diante a Paraíba fica vinculada à força de Pernambuco. Assim, a atual cidade de João Pessoa surge
Com a intenção de
assegurar à Capitania da Paraíba segurança, estabelecendo aí um
sítio urbano na porção ao norte de Pernambuco, protegendo-se de
ataques.
A instalação da cidade de Parahyba não favoreceu a demarcação urbana, pois sua principal intenção era definir o Estado da Parahyba como sendo independente de Pernambuco.
A partir da venda de terras pela igreja é que a Parahyba obteve a posse sobre o solo, em princípio formando sítios chamados de sesmarias de chãos.
Aos poucos, as pessoas comuns iam comprando ou arrendando parcelas do solo, vendendo depois aos homens livres, aos pobres ou simplesmente aos de baixa renda, tendo início à constituição dos bairros da capital.
Desta maneira a capital Parahyba adquire uma morfologia urbana peculiar, pois já nasce cidade. Surgida para a defesa torna-se o centro administrativo em fins da Era colonial, adquirindo características novas no período do Império e na República passa ser uma cidade com todos os equipamentos urbanos necessários.
A cidade de João Pessoa se organizou e se modificou para manter o que é inerente à cidade, a proteção aos habitantes e permitiu a organização do espaço enquanto dinâmica cultural, político e social em todos os períodos históricos de alterações político-administrativas até a República
A cidade localiza-se cerca de 15 km a oeste do litoral, numa altitude de 50 a 60 metros tendo ainda os rios Paraíba e Sanhauá como limites a oeste.
Nas três últimas décadas, a cidade triplicou a sua população. Em 1970 a população era de 221.052 habitantes, atualmente está em 702.235 habitantes, sem contar a sua região metropolitana.
A instalação da cidade de Parahyba não favoreceu a demarcação urbana, pois sua principal intenção era definir o Estado da Parahyba como sendo independente de Pernambuco.
A partir da venda de terras pela igreja é que a Parahyba obteve a posse sobre o solo, em princípio formando sítios chamados de sesmarias de chãos.
Aos poucos, as pessoas comuns iam comprando ou arrendando parcelas do solo, vendendo depois aos homens livres, aos pobres ou simplesmente aos de baixa renda, tendo início à constituição dos bairros da capital.
Desta maneira a capital Parahyba adquire uma morfologia urbana peculiar, pois já nasce cidade. Surgida para a defesa torna-se o centro administrativo em fins da Era colonial, adquirindo características novas no período do Império e na República passa ser uma cidade com todos os equipamentos urbanos necessários.
A cidade de João Pessoa se organizou e se modificou para manter o que é inerente à cidade, a proteção aos habitantes e permitiu a organização do espaço enquanto dinâmica cultural, político e social em todos os períodos históricos de alterações político-administrativas até a República
A cidade localiza-se cerca de 15 km a oeste do litoral, numa altitude de 50 a 60 metros tendo ainda os rios Paraíba e Sanhauá como limites a oeste.
Nas três últimas décadas, a cidade triplicou a sua população. Em 1970 a população era de 221.052 habitantes, atualmente está em 702.235 habitantes, sem contar a sua região metropolitana.
- Parahyba vista do Rio Sanhaua em 1912
Foto
da foto dos arquivos do IPHAEP (Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico do Estado da Paraíba)
- Atualmente
- Alvarenga S. Miguel de 30 toneladas pertencente ao Loide brasileiro, descarregando mercadorias no Porto do Capim (cidade baixa) em 1931
Fonte:
Acervo Público Municipal do Museu Walfredo Rodriguez, em intercâmbio
técnico com a UFPB.
- Margens do Rio Sanhauá onde nasceu a cidade da Parahyba
Fonte:
Acervo Público Municipal do Museu Walfredo Rodriguez, em intercâmbio
técnico com a UFPB.
- Rua Maciel Pinheiro (antes Rua das Convertidas). Detalhe para a agência do primeiro Banco do Brasil do Estado. Imagem de 1916 foto: Walfredo Rodriguez
- Praça Pedro Américo
- Rua Duque de Caxias em 1898
"A Rua Direita,
atualmente denominada Rua Duque de Caxias, faz parte do grupo das
primeiras ruas que originaram a Cidade Alta. Desde o ano de 1639 já
existia edificações escassas ao longo do seu trajeto. A Rua Direita
teve em sua origem, inicialmente, um caráter habitacional destinada
a pessoas que pertenciam à classe alta e média da cidade. Ela está
inserida no que podemos chamar de núcleo urbano propriamente dito; a
Cidade Alta, onde se localizavam as habitações, atividades
administrativas e eclesiásticas”.
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Antiga
sede do jornal “A união”
- Outro trecho da Rua em 1929
"Trecho entre a
Praça Rio Branco e o Convento de Santo Antônio. No século XVIII o
prédio à esquerda abrigava a Companhia Geral de Comércio
Pernambuco e Paraíba. Idealizada pelo Marquês de Pombal, a
companhia prejudicou sensivelmente o desenvolvimento da cidade por
meio século."
- Cidade Baixa em 1906
Fonte:
Acervo Museu Walfredo Rodriguez
"A parte da rua conhecida na época como “Rua da Baixa” corresponde ao declive que tem início na Igreja da Misericórdia e vai até a Praça Vidal de Negreiros. Atualmente já foi nivelado e a parte mais baixa ficou apenas para a via expressa, túnel e viadutos."
- Imagem atual
Referências
Bibliográficas
GURJÃO,
Eliete de Q. A Paraíba republicana. IN:___ Estruturas de poder na Paraíba. João
Pessoa: Edufpb, 1999.
LEWIN, Linda. “Conclusão”: Política na Paraíba. Rio: Record, 1994, p. 360-374
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